Se não conseguimos explicar um conceito de um modo SIMPLES, é porque não entendemos esse mesmo conceito no seu todo. É tão simples como isto.
Ao se explicar um conceito ou quando leccionamos uma matéria, há uma ENORME probabilidade de que um ou mais formandos não entendam o conceito logo à primeira.
Quando isto acontece devemos questionar-nos se estamos a expor o que estamos a leccionar de um modo claro.
A questão aqui é, se alguém não entende um conceito logo à primeira, a última coisa que faremos é explicar de novo o conceito do mesmo modo que o fizemos à primeira.
Há que encontrar outro caminho para chegar ao mesmo destino.
Recordo-me de quando comecei a dar formação em Aerodinâmica que esta era vista pelos formandos de um modo desconfiado porque tinha a reputação de ser um tema complicado.
Muitos deles possuíam bases pouco sólidas em Matemática e Física, o que me dificultava a tarefa como formador. Via-me a numa posição em que tinha que comprometer algumas horas da minha disciplina para rever como se resolviam equações e como se representavam vectores nos diagramas de forças associadas ao voo.
Recordo-me de alturas em que necessitava de explicar conceitos de estabilidade e controlo de voo. Era nestas alturas em que me deparava com muitos dedos no ar a anteciparem a famosa frase "não percebi"...
Aprendi rapidamente que, para não perder tempo, teria que adequar a minha linguagem à experiência de vida que do formando que possuía a dúvida.
Percebi que fazendo o paralelismo do que a minha área apresentava com as áreas de conhecimentos dos formandos facilitava o processo de transmissão de conceitos.
Explicava como uma bola de golf utilizava os mesmos princípios aerodinâmicos de certas partes das aeronaves e como a Caravela Portuguesa já fazia uso das mesmos princípios das asas dos aviões.
A forma da cabeça do Tubarão Martelo desenvolveu-se devido às mesmas leis físicas que as asas das aves.
Usava exemplos da estabilidade e controlo das pranchas de surf. Exemplos de quando andamos no supermercado às compras, o facto de colocar os produtos mais pesados em certas zonas do carrinho de compras alterava a estabilidade e controlo que possuíamos do mesmo.
Recordo-me também, numa formação, em que falávamos em pontes suspensas, fiz um esquema no quadro da Ponte 25 de Abril e outro ao lado representando dois baloiços unidos por uma tábua de madeira.
Ensinar requer imaginação e flexibilidade.
Conhece aquela expressão: "expliquem-me como se eu tivesse 5 anos"?
Por muito condescendentes que possamos parecer ao explicar as coisas deste modo, no fim, os resultados são espantosos.
Não se esqueça, só percebe mesmo de um assunto se o conseguir explicar de um modo claro e se conseguir exemplificar com outros temas de modo a falar a linguagem de quem está à sua frente.